“Quatro princípios do Poliamor” é colaboração de Marcelo Resegue, moderador do grupo de Facebook Poliamor e diversidade, e administrador do grupo Poliamor.
A grande sacada do poliamor não tem nada a ver com amor. E também não tem nada a ver com ter mais de duas pessoas em um relacionamento. Claro, os mais fervorosos vão me chamar de herege ou de louco, mas é verdade. Afinal, quando surgiu em 1990 a ideia do poliamor, já existiam o amor livre, o relacionamentos aberto, a não-monogamia, o swinging, a poligamia e tantas outras formas de amar. O Poliamor não inventou nada disso.
Isso não quer dizer, como falam alguns, que o poliamor é só um nome novo pra uma ideia velha ou que é um termo geral pra todas essas coisas. O poliamor traz uma grande novidade para os relacionamentos não-monogâmicos: princípios éticos básicos que se aplicam a todos os relacionamentos, mas que são especialmente importantes para quem não é monogâmico.
Isso é o que tem sido chamado de não-monogamia ética (tem gente que não gosta do termo, mas “pegou”) e os quatro princípios fundamentais são Sinceridade, Consentimento, Igualdade e Responsabilidade. Então agora nós temos uma boa definição de poliamor:
“Poliamor é a relação amorosa entre mais de duas pessoas que respeita os princípios de sinceridade, consentimento, igualdade e responsabilidade.”
Quatro princípios, quatro regras fundamentais
Esses quatro princípios não são só para o poliamor, mas também para swinging, fetichistas, BDSM e mesmo para casais monogâmicos.
Sinceridade: é o pleno conhecimento da dinâmica da relação e de suas regras por todos os envolvidos. Tem quem prefira chamar de honestidade, franqueza ou transparência, mas a ideia é a mesma: todo mundo que participa de relacionamento tem que saber o que acontece.
Consentimento: parece muito claro, mas aqui estamos falando de consentimento real, não apenas da boca pra fora. Todo mundo tem que estar confortável, sem existir nenhuma forma de imposição social ou chantagem emocional.
Igualdade: se refere ao direito igual de todos determinarem as regras do relacionamento. Ninguém pode dizer que será assim e pronto ou de ignorar uma das pessoas quando tomam decisões. Isto não quer dizer que não pode haver hierarquia, mas só que essa hierarquia tem que ser combinada e aceita por todos.
Responsabilidade: se trata principalmente de duas coisas; responsabilidade de saúde e responsabilidade afetiva. A primeira inclui coisas como o «pacto da camisinha», testes de DSTs, comunicar a todos se alguém contrair alguma doença, etc. A segunda parte é mais complicada e envolve coisas como aprender a observar o próprio ciúme e respeitar as limitações dos outros em relação ao ciúme que sentem, não deixar uma paixão acontecer se não puder ou quiser vivê-la, lembrar do relacionamento existente quando começa um novo amor, etc.