Tipos de relações no poliamor

Para entender corretamente as relações poliamorosas, devemos estar cientes de que elas funcionam muito como relacionamentos monogâmicos, mais os elementos da relação se multiplicam cada vez que alguém é adicionado.
Podemos dividir esses elementos em quatro linhas básicas, nas quais compararemos os comportamentos dos relacionamentos monogâmicos ao respeito dos poliamorosos.

Relações abertas… ou fechadas

A tradicional relação monogâmica é heterossexual e fechada. Isso quer dizer que os membros do casal concordam em manter relacionamentos românticos e sexuais apenas entre eles.
Alguns casais decidem abrir seu relacionamento e deixar a monogamia, o que permite, dentro de um amplo leque de possibilidades, incorporar terceiros.
Em poliamor, fica claro desde o início que haverá três ou mais pessoas envolvidas, e essas pessoas, independentemente de seu número, também podem concordar em manter relacionamentos românticos e sexuais apenas entre eles. Isto é, no poliamor também existem relações fechadas.
Por outro lado, existem modelos poliamorosos nos quais as partes decidem se abrir para mais pessoas: são os poliamores abertas. Neste caso, as variantes são praticamente infinitas.

Geometria das relações:

A geometria é uma área da matemática que estuda formas e corpos delimitados por arestas. Suas figuras mais conhecidas e simples são o triângulo e o quadrado, mas é claro que existem muitas outras.
Os pesquisadores das relações sexoafetivas usam formas geométricas para explicar os diferentes grupos que são formados de acordo com o número de participantes em cada um. Essas formas geralmente parecem moléculas, o que permitiu cunhar o termo “polécula”, referindo-se à molécula poliamorosa.
Na monogamia, tendo apenas dois indivíduos, o relacionamento toma a forma de uma linha reta.

Em poliamor, é possível praticamente qualquer polécula, abertas ou fechadas

Em uma polécula de três pessoas, duas possibilidades podem ocorrer:

a) O formato em V, no qual um dos membros mantém um relacionamento com os outros dois, mas estes dois não tem relação entre eles. Nesse caso, o vértice do V é chamado de pivô e as extremidades são conhecidas como braços. Cada braço é o metamor do outro. Esse formato é comum quando os polamoristas são heterossexuais.
b) O formato do triângulo, no qual cada um dos membros está relacionado aos outros dois. Neste caso, cada metamor é também amor do outro.

Ao formar um quadrado, as possibilidades se multiplicam. Vamos tentar explicar isso graficamente:

E na medida em que mais pessoas entram na polécula, tudo se torna mais complexo:

Complexidade nas relações poliamorosas


Hierarquia relacional

Nos casais monogâmicos fechados, a hierarquia não existe, só que ocorra uma traição, caso em que a terceira pessoa geralmente se torna a relação secundária. Mas, claro, quando ocorre uma traição, a monogamia se desfaz.
Portanto, a hierarquia é uma forma de organização não-monogâmica na qual uma polécula afirma que alguns de seus membros constituem um núcleo principal, enquanto os outros são secundários respeito do grupo primário. Podem-se adicionar mais níveis e ter amores terciários, e assim por diante.

Isso pode ocorrer em qualquer relacionamento poliamoroso aberto ou fechado. Nas relações triangulares, geralmente acontece quando um casal estabelecido soma um terço. Nos quadrados pode acontecer que existam dois casais e que cada um deles seja considerado principal em relação ao outro.
Isso também será melhor visto graficamente:

Hierarquia nas relações poliamorosas

Sexualidade no poliamor

Na relação monogâmica, tendo apenas duas pessoas envolvidas, 99,99% dos relacionamentos são enquadrados em uma das duas únicas variantes: heterossexual e homossexual. Os outros 0,01% são constituídos por monogâmicas assexuadas ou entre indivíduos intersexuais.
Em poliamor, pode haver muito mais possibilidades. Uma relação entre três indivíduos pode ser homossexual, heterossexual ou bissexual. Depende dos acordos internos desse grupo que, como já vimos, podem ser organizados em um V ou em um triângulo.

No quadrado também podem ocorrer tais variantes; tudo depende das preferências de cada um dos envolvidos na polécula. Por exemplo, em um quadrado que consiste em dois casais heterossexuais, cada um dos homens terá acesso a ambas as mulheres e vice-versa, mas as mulheres não interagem, nem os homens entre eles.
O importante, em qualquer caso, é que todos os membros do relacionamento tenham os acordos grupais bem claros e que a combinação faça todos felizes.