Dona Flor, uma pioneira da não-monogamia

Uma das abordagens mais interessantes que encontramos na literatura brasileira sobre não-monogamia e suas possibilidades é o romance de Jorge Amado “Dona Flor e seus dois maridos”, no qual ele enfrenta, com uma dose muito alta de humor e ironia, uma realidade que a sociedade mononormativa se recusa a reconhecer: há quem possa amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

Este romance esta sitado na cidade de Baía na década dos 40, e foi publicado em 1966, encontrando grande resistência devido ao dilema moral que representava. A história, em resumo, é a seguinte:

Dona Flor é uma das melhores cozinheiras da Bahia e administra sua própria academia. Ela se casou com Vadinho, um jogador, conhecido em todos os antros e boites da cidade, procurador de mulheres de programa mas também um gênio na cama: um amante excepcional.

Após a morte de Vadinho, Dona Flor decide casar-se com Teodoro, um homem completamente contrário a Vadinho: solvente, rígido, organizado e… péssimo amante. Nesse aspeto, Dona Flor está insatisfeita. Tudo muda quando o espírito de Vadinho aparece para ela com o mesmo apetite sexual de sempre. De alguma forma, o espírito é capaz de encher de prazeres carnais a sua viúva.

Dona Flor Capa
Uma das muitas capas da Dona Flor…

Então ela vai sentir que esteja traindo a Teodoro, e tenta se livrar de Vadinho por meio de um feitiço. No entanto, a verdade é que tanto um como o outro são legítimos maridos de Dona Flor, e por isso, ela não está cometendo pecado nenhum . Ou sim?

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O romance foi adaptado para o cinema e apresentado em 1976. Com a atuação de Sônia Braga no papel principal, alcançou um recorde de bilheteria que foi válido até 2010. A versao teatral foi proibida pela ditadura brasilera em 1983.

Novas versões de “Dona Flor e seus dois maridos” foram feitas para o teatro, assim como um remake do filme, a partir de 2017. Espera-se que em fevereiro de 2019 a emissora de televisão mexicana Televisa estreará sua versão, em formato de novela.

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