Há racismo no poliamor?

racismo no poliamor

O racismo, como qualquer outra forma de segregação (homofobia, antisemitismo, transfobia, gordofobia, etc.), é condenável e indigno de boas pessoas. Parece óbvio que é completamente incompatível com a filosofia do poliamor. No entanto, a resposta não é tão simples.

Para entrar nesse terreno espinhoso, vamos começar revisando o próprio conceito de racismo:

Racismo

  1. Ideologia que defende a superioridade de uma raça sobre outras e a necessidade de mantê-la isolada ou separada do resto dentro de uma comunidade ou país.
  2. Tendência ou atitude que denota essa ideologia.

Como vimos ao longo da história, o racismo pode até justificar a eliminação física de raças consideradas inferiores.

Então, como alguém que pratica poliamor e que é, portanto, parte de uma minoria, pode defender pensamentos discriminatórios como o racismo?

Novamente, a resposta nao é facil, mais existem muitas formas de segregação em que as vítimas viram vitimários. Por exemplo, nos Estados Unidos há cristãos negros que chamam os muçulmanos negros de “macaco”. Incrível.

Preferir uma cor não é racismo.

As relações sexoafetivas são baseadas na atração física e, portanto, existem centenas de características físicas que podem influenciar a escolha de um parceiro amoroso ou sexual. A cor da pele, o tamanho da boca, a forma do rosto, a magreza ou a gordura, são detalhes que as pessoas observam e que geram reações distintas para cada um.

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Sem negar a existência de padrões de beleza induzidos pela mídia, é natural que as pessoas sejam atraídas por certos biotipos. Portanto, querer se relacionar com pessoas que possuem essas características não indica racismo. Indica apenas uma preferência.

O racismo ocorre quando para certos grupos étnicos é negado o direito de se relacionarem com os outros. Aqui é pertinente fazer uma explicação: embora os grupos normalmente segregados na América Latina tenham sido negros, asiáticos e indígenas, a segregação inversa também existe.

Para que haja racismo, não há necessidade de ter um grupo sistematicamente prejudicado, como já aconteceu com negros, indígenas, judeus, etc. Quando um desses grupos expulsa uma pessoa branca porque ela é branca, há racismo inverso. Até recentemente, em algumas celebrações e eventos culturais afro-latinos, a intervenção dos brancos era proibida. Isso também é racismo.

Quando racismo e poliamor coincidem

Na verdade, ninguém ou quase ninguém admite ser racista (ou ser poliamoroso) o que dificulta muito o tratamento estatístico desta questão. Não há dados confiáveis sobre o racismo em nenhum lugar do mundo.

America Latina é muito diversa

No entanto, existem comunidades que são abertamente racistas em quase o mundo inteiro. Mesmo no Brasil e outros paises da America Latina, que sem duvida é o continente mais racialmente diverso.

Pode acontecer em certos casos que haja grande permissividade em questões sexoafetivas mas, ao mesmo tempo, racismo.

Infelizmente, dentro do pensamento racista é normal considerar inferiores ou mesmo “de outra espécie” a aqueles que não compartilham sua cor de pele. Portanto, eles não se consideram agindo mal, nem acreditam que estão segregando ninguém e, ao contrário, reforçam seu sistema constantemente.

Dentro desses grupos profundamente racistas há também aqueles que escolhem poliamor e seus laços amorosos são tão válidos quanto aqueles estabelecidos entre pessoas não-racistas. O que não podemos tolerar é, precisamente, que eles sejam racistas.

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